segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Nova Fase do MINHA CASA, MINHA VIDA.


É hora de realizar sonhos? Veja o que dizem especialistas sobre a compra da casa própria


Momento econômico, com alta nos juros e restrição de crédito pode adiar a compra da casa própria, um dos bens mais desejados do brasileiro


Após dez anos juntando dinheiro, o administrador pernambucano Rodolpho Veras vai finalmente sair da casa dos pais e comprar o seu primeiro imóvel. Ele fez tudo certinho: economizou 20% do salário, não assumiu dívidas grandes, investiu no seu relacionamento com o banco e, depois de se casar no início deste ano, começou uma incessante pesquisa de mercado. Com tudo planejado, Rodolpho não contava com a atual instabilidade econômica que, como consequência, trouxe o aumento das taxas de juros dos financiamentos imobiliários em todos os bancos e ainda importantes restrições de crédito na Caixa Econômica, que hoje detém 70% do mercado. Agora, ele se pergunta, com esse cenário, ainda dá para realizar o sonho da casa própria?
“Quando se tem uma boa entrada, existe a real necessidade da compra e disposição para pesquisar e negociar, é possível que o consumidor até leve vantagem. Em comparação com outras fases do mercado imobiliário, como em 2013, quando tivemos o boom da construção civil, o período atual é de maior oferta do que demanda”, afirma Roberto Vertamatti, diretor da Associação Nacional dos Executivos em Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Segundo ele, no que diz respeito ao crédito, porém, o quadro não está tão favorável, uma vez que houve aumentos recentes nas taxas de todos os bancos. Só na Caixa, foram três reajustes nos juros este ano e a instituição ainda baixou o limite de financiamento de imóveis. Para os novos, o teto passou de 90% para 80% e, para usados, de 80% para 50%.
Apesar disso, Vertamatti acredita em uma recuperação do mercado em 2016, principalmente, se as reformas propostas recentemente pelo governo federal forem efetivadas. “Quem puder esperar, tem chance de conseguir melhores taxas e talvez menores limitações de crédito no último trimestre de 2016, caso o ajuste fiscal e econômico saia do papel.”
Os juros não eram esperados por Rodolpho, que economizou 20% do salário todos os meses. Foto: Rodrigo Silva/DP/DA Press
Os juros não eram esperados por Rodolpho, que economizou 20% do salário todos os meses. Foto: Rodrigo Silva/DP/DA Press
 Para Rodolpho Veras, essa não é uma opção. “Vou comprar até janeiro. Mesmo assustado com a alta das taxas e com o elevado valor dos imóveis, sei que tenho uma vantagem em mãos, que é mais 20% do valor de entrada”, enfatiza. Apesar disso, ele reconhece que a busca pelo apartamento ideal está sendo complicada. “Os imóveis novos estão caros e pequenos. Já os usados têm o condomínio mais alto e estão com preços que não condizem com a recessão que estamos vivendo. Ainda assim, com paciência e negociando sempre as condições da venda, estou cada vez mais perto de efetivar essa meta”, completa.
O engenheiro de minas e servidor público Rafael Pepê, que comprou sua casa própria há poucos meses, acredita que o mercado de hoje compensa as taxas baixas do início do ano. “Tinha uma entrada de R$ 60 mil, mas não consegui descontos na época porque ainda existia muita procura. Por outro lado, consegui uma taxa de 9% ao ano na Caixa, muito boa no quadro atual. Ainda assim, se fosse comprar agora, com a entrada que tinha, conseguiria um preço melhor comprando de pessoas que estão repassando.” Vale ressaltar que, no momento, o financiamento para funcionários públicos na Caixa está com taxa de 9,5% ao ano.




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Programa amplia chance de compra
Um caminho viável para realizar o sonho da casa própria, principalmente entre as classes C, D e E , continua sendo o Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Apesar dos balanços, a terceira fase do programa está confirmada e deve ser lançada até dezembro. Nela, o governo federal amplia os limites de renda em todas as faixas, alcançando número maior de beneficiados. De acordo com o Ministério das Cidades, a faixa 3 comportará rendas de até R$ 6,5 mil, com juros de 8%, os menores do mercado. Já a 1, que tem os maiores subsídios, aumentará a faixa de renda de R$ 1,6 mil para R$ 1,8 mil. Também entrará em vigor uma nova faixa de renda, a 1,5, com subsídio de até R$ 45 mil para aqueles com renda de até R$ 2.350. Os limites teto dos imóveis em todas as faixas serão atualizados.
Desde o início do MCMV, em 2009, foram contratadas 140 mil unidades habitacionais em Pernambuco, com investimentos de R$ 8,22 bilhões. Desse total, foram entregues  71,4 mil unidades habitacionais, beneficiando mais de 285 mil pessoas. Mesmo assim, o déficit habitacional do estado ainda é de 240 mil moradias. E, com os atrasos nos pagamentos do programa, as construtoras locais não estão com tanta disposição para participar.
André Callou, presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), afirma que o setor precisou pressionar o governo para diminuir os atrasos de repasses e conseguir uma parte dos pagamentos relativos a este ano. Ele acrescenta que também existe um temor por parte das empreiteiras de não conseguir vender os imóveis do projeto, porque o cliente está fragilizado, com poucas reservas e perdendo o emprego. Ainda assim, Callou garante que existe um estoque expressivo para os pernambucanos interessados. “Quem procurar, vai encontrar boas ofertas, principalmente nas faixas 2 e 3.”
Esse foi o caso da técnica administrativa Marina Lessa que, com o filho e marido, acaba de se mudar para sua primeira casa. “Quando encontrei um imóvel, não tive dúvidas: vendi meu carro, negociei com a construtora e consegui baixar de R$ 135 mil para R$ 110 mil. Assim, consegui a carta pelo Minha Casa, Minha Vida, na faixa 2”, afirma. Para ela, a crise se mostrou uma oportunidade. “Antes, eu jamais conseguiria os descontos e as facilidades que tive. O importante é ficar atento às oportunidades”, completa a jovem de 25 anos que se livrou do aluguel. Em Pernambuco, o MCMV é oferecido pela Caixa e pelo Banco do Brasil.
Os três aumentos consecutivos nas taxas de juros do crédito imobiliário da Caixa, assim como a restrição de financiamento para a compra do segundo imóvel pelo banco federal têm, pelo menos, um efeito positivo: tornar o crédito dos outros bancos mais atraente. Isso significa maior competitividade no segmento e maiores possibilidades de escolha para os consumidores. De forma geral, é difícil para o mercado “bater” as taxas da Caixa, que variam entre 9,3% e 9,9% ao ano. Apesar disso, instituições como o Banco do Brasil (9% a 10,79%) e Bradesco (9,5% a 10,5%) já conseguem reduzir a diferença na conta final . O Itaú, com taxas entre 10,5% e 11,5% e o Santander, cujos juros ficam entre 10,6% e 11% também estão na disputa, completando um cenário de R$ 460 milhões em crédito disponível apenas nestes cinco bancos, segundo o Banco Central.
O economista e professor da Faculdade Boa Viagem (FBV) Antônio Pessoa avalia que com um quadro que não está favorável para ninguém, nem vendedores, nem compradores, o relacionamento com os bancos deve ser explorado. “Se você tem aplicações, é um bom pagador e possui conta antiga, pode usar essa proximidade para conseguir melhores condições.” Pessoa lembra que os clientes podem recorrer à portabilidade, onde é possível repassar todas as contas, aplicações e pagamentos para outra instituição que ofereça maiores benefícios. “Além disso, vale buscar o financiamento com as próprias construtoras.”
O professor alerta para que o consumidor tenha cuidado com o tipo de amortização definido pelo contrato. Entre o Sistema de Amortização Constante (SAC) e a Tabela Price, a escolha deve ser o primeiro. “O sistema Price tem as prestações inicialmente menores que a do SAC, mas como você quita a dívida mais lentamente, acaba pagando mais juros. Algumas construtoras oferecem metade dos contratos em SAC, cujas prestações começam mais altas e baixam com o tempo, e depois passam para o Price. Isso também não vale a pena.” As dicas provam que, com alguma cautela, mesmo em cenário de recessão, é possível que o sonho da casa própria não se torne um pesadelo.

fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/economia/2015/11/01/internas_economia,607545/e-hora-de-realizar-sonhos-veja-o-que-dizem-especialistas-sobre-a-compra-da-casa-propria.shtml

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